Enquanto o Tribunal Superior Eleitoral se prepara para proclamar o resultado final das eleições do domingo, os números totalizados pela corte até a 01h44 desta segunda-feira, com 99,98% dos votos apurados, já são mais do que suficientes para permitir algumas conclusões iniciais afora a óbvia, de que o Brasil, com uma tecnologia caseira, consegue pelo menos nesse campo dar uma lição ao mundo sobre como agir para garantir a lisura e a celeridade de um processo democrático realizado com maciça participação popular e num país de dimensões continentais. Vamos a elas:
1. O PSDB sai como o grande vitorioso do dia com a surpreendente votação, de quase 42%, obtida por seu candidato presidencial Geraldo Alckmin, por quase ter virado o jogo à última hora com seu candidato ao Senado por São Paulo, Guilherme Afif Domingos, do PFL, na disputa com o favoritíssimo Eduardo Suplicy, do PT, e ainda por ter eleito quatro governadores e cinco senadores e ir para o segundo turno com mais três concorrentes a governador.
2. Ainda sobre o PSDB, ficou evidenciado que o governador Aécio Neves, reeleito com consagradores 77% para um segundo mandato em Minas Gerais, contra apenas 22% dados ao segundo colocado, Nilmário Miranda, do PT, pouco fez para ajudar o candidato presidencial de seu partido no estado. Quem recebe votação tão maciça certamente poderia ter evitado que Alckmin perdesse de Lula, em Minas, por 1 milhão de votos de diferença. Muito maior apoio o candidato presidencial recebeu em Roraima e Rondônia, lá no Norte do país, onde venceu seu adversário Lula com a ajuda do correligionário Ottomar, no primeiro estado, e de Ivo Cassol, do coligado PPS no segundo, ambos eleitos governadores.
3. O PT reforça a imagem de partido nordestino ao eleger três governadores na região e mais um no Acre. Sua maior proeza foi desbancar o carlismo na Bahia, com a vitória de Jaques Wagner, ex-ministro de Lula. Mas ninguém pode garantir que, sem o atual presidente como puxador de votos, o partido conseguiria os mesmos resultados no Nordeste.
4. Heloísa Helena partiu para o sacrifício como candidata presidencial pelo PSOL, para ajudar o partido a atingir os percentuais mínimos de votação no país exigidos pela cláusula de barreira. Desde o início, sabia que não seria eleita. O que talvez não imaginasse é que na sua vaga de senadora por Alagoas acabasse entrando o ex-presidente impichado Fernando Collor, seu inimigo político.
5. O voto leniente e o de deboche novamente marcaram presença nestas eleições. Não só voltam para o Congresso vários mensaleiros, junto com o ex-ministro Palocci da república de Ribeirão Preto, como ainda o veterano Paulo Maluf de longo prontuário, o ex-costureiro Clodovil e o Enéas da bomba atômica estão entre os mais votados para deputado federal, em São Paulo.
6. Para compensar essa falseta cometida por parte do eleitorado, cresce a presença das mulheres no primeiro time da política nacional. Nenhuma delas foi eleita ainda governadora, mas cinco disputam o segundo turno: Roseana Sarney (PFL), no Maranhão, Ana Júlia Carepa (PT), no Pará, Vilma (PSB), no Rio Grande do Norte, Denise Frossard (PDT), no Rio de Janeiro, e Yeda Crusius (PSDB), no Rio Grande do Sul. Além disso, quatro foram escolhidas senadoras, Kátia Abreu (PFL) pelo Tocantins, Maria do Carmo (PFL), esta reeleita por Sergipe, Rosalba Ciarlini (PFL), pelo Rio Grande do Norte, e Marisa Serrano (PSDB), por Mato Grosso do Sul.
segunda-feira, 2 de outubro de 2006
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário