terça-feira, 16 de janeiro de 2007

Racha e impasse

O lançamento do deputado Gustavo Fruet, do PSDB do Paraná, como candidato à presidência da Câmara pela frente multipartidária denominada terceira via, racha o grupo e cria um impasse para os tucanos.
O racha evidenciou-se hoje, tão logo foi anunciada a candidatura de Fruet. O grupo, que já era pequeno, constituído por não mais de 30 deputados, tornou-se ainda menor com a saída do PSOL. O partido defendia o nome de Luíza Erundina, do PSB de São Paulo, como candidata, e também não admite aliar-se aos tucanos sob nenhuma circunstância, preocupado em marcar sua posição oposicionista. Desse jeito, não há frente multipartidária que resista.
Quanto ao impasse tucano, o problema aprofunda a crise vivida pelo partido. Depois de obrigar Jutahy Júnior, o líder na Câmara, a recuar do apoio ao candidato Arlindo Chinaglia, do PT, primeiro pelo puxão de orelhas nele aplicado pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e depois pela marcação, para o próximo dia 25, de uma reunião da Executiva Nacional e das bancadas na Câmara e no Senado para deliberar sobre a questão, o PSDB, cujas principais lideranças se inclinavam pela candidatura do também governista Aldo Rebelo, do PCdoB de São Paulo, agora se vê obrigado a desautorizar ou não um de seus membros, o deputado Gustavo Fruet. Só falta as lideranças tucanas, com exceção do governador paulista José Serra, tido como mentor do desastrado anúncio feito por Jutahy Júnior – com o objetivo de ter como moeda de troca com o PT a presidência da Assembléia Legislativa de São Paulo para o PSDB –, tentarem demover Fruet da candidatura. Não poderia haver desmoralização maior para um partido que se diz de oposição ao governo.
Independentemente do que venham a decidir os tucanos, Fruet tem pouquíssimas chances de virar o jogo da sucessão na Mesa Diretora da Câmara, embora afirme que, além dos deputados de outros partidos da 'terceira via', já conta com pelo menos 24 adesões de companheiros do PSDB. Precisaria de muito mais votos para ganhar de Chinaglia ou mesmo de Rebelo.
É pena, porque o deputado paranaense, um dos mais atuantes membros da extinta CPI dos Correios, como sub-relator de finanças, poderia sem dúvida ajudar a melhorar a imagem da instituição perante o público, como presidente da Câmara. Basta ver sua plataforma como candidato: a) lutar contra o ignominioso aumento de 91% proposto para os salários dos parlamentares e propor, em seu lugar, um mecanismo de reajustes anuais baseado na inflação; b) acabar com o voto secreto no Congresso; c) reformular o regimento interno da Câmara para acelerar os trabalhos; e d) encontrar meios para barrar o excesso de medidas provisórias editadas pelo Executivo.
É tudo aquilo que nem Chinaglia nem Rebelo se dispõem a fazer. Mesmo porque não o poderiam, como paus-mandados que são do Planalto.

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