Foi um bom debate embora faltasse a atração principal, Lula, ou talvez por isso mesmo. Sem a polarização que sua presença causaria em relação aos demais candidatos convidados, estes – Cristovam Buarque, Geraldo Alckmin e Heloísa Helena – tiveram mais tempo para falar de propostas de governo, sem deixar de dar algumas estocadas no presidente que fugiu da raia.
Dos três, Alckmin é o que mostrou o melhor preparo. Passou a impressão de que, se eleito, começa a governar de fato logo no primeiro dia depois da posse. Buarque, atendo-se aos conceitos e não aos números, cativou pela simpatia e pela inteligência. E Heloísa, voluntariosa e veemente, quase em lágrimas no discurso final, de novo não explicou como pretende obter os bilhões que promete aplicar em saneamento básico, infra-estrutura, saúde e educação demonizando ao mesmo tempo o sistema bancário e o capital internacional.
A Rede Globo, anfitriã do encontro, armou um cenário futurista embora asséptico em demasia e contou com a competência de sempre do mediador William Bonner. Mas, com a experiência acumulada no assunto, já era hora de alguém do estúdio providenciar um cronômetro tamanho família para os debatedores pararem de estourar seus tempos. Além disso, 40 segundos é muito pouco para formular uma pergunta contextualizada, com o intuito de dirigir a resposta.
Debates de final de campanha transmitidos por redes de TV de grande audiência são uma instituição de democracias avançadas. Nos Estados Unidos, país criador da prática, a fuga do enfrentamento direto com adversários políticos a poucos dias do pleito seria tomada como um ato de covardia, indigno de um postulante ao cargo de primeiro mandatário da nação. Se Lula sair incólume de mais esta, sem perder uma quantidade significativa de votos no próximo domingo, estaremos mostrando para o mundo, de novo, que sabemos piratear idéias alheias, mas não alcançamos seu conteúdo.
sexta-feira, 29 de setembro de 2006
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