quarta-feira, 13 de dezembro de 2006

A mulher e o lobo

Como proteger-me desse lobo que vem vindo
Em que ilhas poderei me ocultar
em que barcos ousarei fugir
desse lobo que domina os barcos e as ilhas?

Reúno roupas negras faca escudo
De que adianta enfrentá-lo do meu jeito
se ele me despe do jeito que ele quer?

Como proteger-me dessas ondas
de prazer que ele traz em suas brisas
De que vale feri-lo com meus versos
De que vale me lançar ao mar

Se não há como esconder-me de mim mesma
do exílio que sinto quando fujo
da vontade que tenho de ficar?


(Poema do Lobo-do-Mar, de Iracema Macedo, nascida em Natal, Rio Grande do Norte, em 1970, e hoje professora de filosofia na Universidade Federal de Minas Gerais. Que cabeça privilegiada tem essa moça, que ensina o saber acumulado pela razão e nem por isso perde um átomo de sua sensibilidade? Segundo o poeta e jornalista Carlos Machado, de cujo mais recente boletim Poesia.net foram copiados os versos, Iracema faz uma 'poesia solar, emocionada e nitidamente feminina', sem que esse último qualificativo encerre qualquer visão machista. O livro no qual foi publicado o poema, Lance de Dardos, de 2000, é segundo Machado um dos melhores de poesia lançados no Brasil nestes primeiros anos do século XXI. Você também pode receber regularmente, por e-mail, os imperdíveis boletins periódicos Poesia.net. Para tanto, basta entrar no site Ave, Palavra!, por este link, e lá clicar no botão correspondente, apresentado logo na página principal)

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