terça-feira, 6 de fevereiro de 2007

Desenhos que são pinturas



A morte de Abel por Caim e cena de Londres
Gustave Doré, nascido em Estrasburgo, na fronteira da França com a Alemanha, em 6 de janeiro de 1832, filho de um engenheiro construtor de pontes, e morto em Paris em 23 de janeiro de 1883, aos 51 anos, foi talvez o mais extraordinário dos ilustradores de qualquer tempo e qualquer lugar. Dono de prodigioso talento, a ponto de publicar quatro litogravuras aos 13 anos e de ser contratado como chargista por um jornal parisiense aos 15, produziu grande quantidade de desenhos, gravuras, pinturas e esculturas, tendo ilustrado mais de 200 obras literárias em sua curta vida.
Escritores e poetas como Rabelais (O Gigante Gargântua), Ariosto (Orlando, o Furioso), Balzac (Contos), Dante (A Divina Comédia), Cervantes (Dom Quixote), Milton (O Paraíso Perdido), e Poe (O Corvo) tiveram seus textos enriquecidos pelo traço magistral de Doré, que ora desenhava as imagens a bico de pena, ora as gravava em madeira para reproduzi-las nas edições. Freqüentemente citado pelas ilustrações do paraíso, do inferno e do purgatório que fez para A Divina Comédia, a obra de Dante lhe exigiu trabalho mais pelas minúcias contidas em cada imagem do que, propriamente, pela quantidade de desenhos. No total, foram 136 as ilustrações feitas por ele para os poemas do genial italiano, lidos em tradução por não conhecer a língua original do livro. Bem menos que as 377 de Dom Quixote ou as 248 das Fábulas de La Fontaine, portanto.
Uma edição inglesa de luxo da Bíblia, de 1865, também lhe exigiu ilustrações de elaboração detalhada, como se pode ver pelo exemplo acima, criação do artista para reproduzir a morte de Abel pelas mãos de seu irmão, Caim. Já o desenho de baixo mostra as impressões de viagem para uma Londres de muitas fábricas, em plena revolução industrial. O desenho Sobre Londres, por Trilho, é de 1870.


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