sexta-feira, 10 de agosto de 2007

A queda da bolsa

Se você é investidor e tem parte do seu suado dinheirinho aplicada na bolsa, pode estar se perguntando, a propósito da atual queda: o comprador americano de casa própria resolve dar um calote e sou eu que pago a conta? Pois é disso mesmo que se trata, porque a crise do mercado imobiliário nos Estados Unidos lança uma sombra de incerteza sobre o futuro da economia daquele e de outros países ricos, e por extensão, de todo o planeta, com reflexos inevitáveis nas bolsas de valores. Mas o mais curioso neste momento, em que o mundo torce para que não sobrevenha o pior, é observar o motivo principal da queda no preço das ações.

Pode parecer estapafúrdio, mas acontece o seguinte: assustados com a crise imobiliária americana, os grandes investidores procuram melhorar seu grau de proteção. É natural que o façam, pois bancos internacionais já estão se negando a emprestar dinheiro para as companhias financiadoras de imóveis dos Estados Unidos, e sem crédito a crise nesse mercado só tende a aumentar. E como os grandes investidores se protegem? Vendendo suas posições em ativos no Terceiro Mundo, cujos países são eufemisticamente chamados de emergentes. Ou seja, tiram o dinheiro da bolsa do Brasil e de outros lugares assim e vão comprar o quê? Títulos do Tesouro americano, considerados os mais seguros do mundo. Entenda bem: o problema surgiu nos Estados Unidos, mas é justamente para lá que correm os grandes investidores em busca de proteção. Não é absurdo, é real. E o investidor brasileiro paga a conta, com a bolsa em queda.

Donde se conclui que pobre nasceu mesmo é para financiar o consumismo dos ricos.

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