terça-feira, 3 de abril de 2007

Imite o caracol

O texto seguinte foi escrito por um brasileiro que vive na Europa e trabalha para uma empresa sueca. O que se publica é um trecho do original do autor não identificado que circula por e-mail, aqui com ligeira edição por parte do blog.

"Há um grande movimento na Europa hoje, chamado 'slow food'. A Slow Food International Association, cujo símbolo é um caracol, tem sua base na Itália (o site http://www.slowfood.com/ é muito interessante. Veja-o!).
O que o movimento prega é que as pessoas devem comer e beber devagar, saboreando os alimentos, 'curtindo' seu preparo, no convívio com a família, com os amigos, sem pressa e com qualidade. A idéia é a de se contrapor ao espírito do 'fast food' e o que ele representa como estilo de vida que o americano endeusou.
O 'slow food' está servindo de base para um movimento mais amplo chamado 'slow Europa'. Como salientou a revista Business Week numa edição européia, a base de tudo está no questionamento da pressa e da loucura geradas pela globalização, pelo apelo à 'quantidade do ter' em contraposição à qualidade de vida ou à qualidade do ser. Segundo a Business Week, os trabalhadores franceses, embora trabalhem menos horas (35 horas por semana) são mais produtivos que seus colegas americanos ou ingleses. E os alemães, que em muitas empresas instituíram uma semana de 28,8 horas de trabalho, viram sua produtividade crescer nada menos que 20%.
Essa chamada atitude 'slow' está chamando a atenção até dos americanos, apologistas do 'fast' (rápido) e do 'do it now' (faça já). Portanto, essa atitude sem pressa não significa fazer menos, nem ter menor produtividade. Significa, isso sim, fazer as coisas e trabalhar com mais qualidade e produtividade, com maior perfeição, atenção aos detalhes, e com menos stress. Significa retomar os valores da família, dos amigos, do tempo livre, do lazer, das pequenas comunidades, do 'local', presente e concreto, em contraposição ao 'global', indefinido e anônimo. Significa a retomada dos valores essenciais do ser humano, dos pequenos prazeres do cotidiano, da simplicidade de viver e conviver, e até da religião e da fé. Significa um ambiente de trabalho menos coercitivo, mais alegre, mais 'leve' e, portanto, mais produtivo, onde seres humanos, felizes, fazem com prazer o que sabem fazer de melhor.
Gostaria que você pensasse um pouco sobre isso. Será que os velhos ditados 'Devagar se vai ao longe', ou ainda 'A pressa é inimiga da perfeição', não merecem novamente nossa atenção nestes tempos de desenfreada loucura? Será que nossas empresas não deveriam também pensar em programas sérios de 'qualidade sem pressa', até para aumentar a produtividade no trabalho e a qualidade de nossos produtos e serviços sem necessariamente prejudicar a 'qualidade do ser'?
No filme Perfume de Mulher há uma cena inesquecível, em que um personagem cego, vivido por Al Pacino, tira uma moça para dançar embora ela diga: "Não posso, porque meu noivo vai chegar em poucos minutos". Ao que ele responde: "Mas em um momento se vive uma vida", e passa a conduzi-la nos passos de um tango. Esta pequena cena é o momento mais bonito do filme.
Algumas pessoas vivem correndo atrás do tempo, mas parece que só o alcançam quando morrem enfartadas, ou algo assim. Para outros, o tempo demora a passar: ficam ansiosos com o futuro e se esquecem de viver o presente, que é o único tempo que existe.
Tempo todo mundo tem, e por igual. Ninguém tem mais nem menos do que 24 horas por dia. A diferença é o que cada um faz do seu tempo. Precisamos saber aproveitar cada momento, porque, como disse John Lennon, 'A vida é aquilo que acontece enquanto fazemos planos para o futuro'... "

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