A manchete deste domingo do jornal O Estado de S. Paulo, de que a sonegação de impostos no Brasil atinge o equivalente a 30% do PIB, é de deixar qualquer um embasbacado. Ou seja, de acordo com uma estimativa do professor de finanças André Franco Montoro Filho, como a carga tributária chega a 35% do PIB, se todos pagassem direito seus impostos o montante que o governo arrecadaria por ano seria de 65%. Que empresa poderia continuar produzindo e empregando se fosse obrigada a recolher quase 70% de seu faturamento para o fisco? Não é à-toa que haja tanta sonegação. Mais do que um ato ilegal e de má cidadania, é questão de sobrevivência.
A informalidade, no Brasil um quase sinônimo de sonegação de tributos, só tende a crescer quando o governo gasta mais do que deveria e, com isso, sufoca o setor privado. Mas o problema não se restringe aos camelôs. Aumenta também o número de microempresários, muitas vezes sem vocação nem talento, mas forçados a tentar um negócio próprio pela demissão e o desemprego. Sobrevivendo a duras penas, eles pouco diferem dos camelôs no que se refere às perspectivas de receita e crescimento. Segundo um dado recente, surgem por ano cerca de 450 000 novas empresas no país, sendo a grande maioria do tipo micro, de um dono só. Mais de metade delas fecha as portas antes de completar três anos. Em outras palavras, é desemprego disfarçado.
A fome arrecadatória do governo, ao sufocar quem produz, impede também a economia brasileira de deslanchar. Neste ano, segundo se estima, o PIB deve crescer 5%. É mais do que nos anos passados, mas muito menos do que outros países em desenvolvimento, sobretudo os asiáticos, estão crescendo. Mas será que o governo realmente se preocupa com isso? Quanto mais impostos forem cobrados, maior se torna o Estado, e isso é exatamente o que o PT quer, com seu projeto socialista. Dirigentes do partido vão à China ver como é que se faz para combinar regime autoritário com economia aberta e em rápido crescimento. Talvez se desapontem. Lá, pelo menos, as coisas são feitas às claras, ao contrário daqui. E ao que se saiba não existe nenhuma tentativa de estatizar ou reestatizar empresas privadas, porque os dirigentes do PC chinês se preocupam em não afugentar os capitalistas externos.
Quem sabe o pessoal do PT volte da viagem convencido de que isso de reestatizar a Companhia Vale do Rio Doce não passa de uma idiotice.
Nenhum comentário:
Postar um comentário